Apesar de toda ansiedade, um misto de alegria e temor pairavam na minha mente, os pensamentos e indagações faziam o meu coração palpitar de forma descompensada.
Quando colocaram uma venda sobre os olhos, senti que os olhos físicos foram fechados para que os olhos interiores se abrissem para o mundo espiritual.
Foi um momento especial no qual tentei, através da introspecção e respirações profundas, acalmar a minha mente, adentrando nas profundezas das câmaras do meu eu inferior, onde habitam os meus maiores medos, angústias e também verdades. No momento que antecedia a entrada no templo, eu lutava contra o meu ego, o qual desafiava-me constantemente, fazendo provocações, insinuações, dizendo que eu não era digna de estar ali ou algo ruim poderia me ocorrer.
Porém, depois de algum tempo, eu finalmente consegui conectar minha mente e meu coração com a minha maestra íntima, que ergueu as suas mãos espirituais, tirando-me do meu cativeiro mental, quando então, doravante, senti uma grande paz profunda.
As horas se passavam, quando inesperadamente fui retirada da cripta e fui conduzida por longos corredores, com pouca iluminação. Percebi nitidamente hieróglifos antigos e vi uma linda coruja, que me encarava como se me estudasse profundamente. Foi um momento magico, impossível descrever ou expressar com palavras humanas.
Quando estava dentro da câmara de reflexões, meditei sobre os símbolos que ali estavam, compreendendo que ali acabava toda vaidade e iniciava uma realidade daquilo que realmente importava, o SAGRADO que habita em cada um de nós. Percebi quanto tempo nós perdemos dando atenção e dedicando para coisas pequenas, volúveis e efêmeras. Percebi a efemeridade do nosso tempo humano, o qual desperdiçamos com tanta coisa desnecessária, sendo que aquilo que mais importa são as verdades e os princípios morais que temos conosco, bem como as obras virtuosas que deixamos como legado à posteridade. Foi muito profundo esse ensinamento que nasceu dentro de mim, sem nenhuma voz exterior me ensinando. (talvez seja esse o conhecimento espiritual interior que os iniciados tanto falam e denominam como gnose!).
Senti-me como uma lagarta dentro do seu casulo, apenas aguardando o momento certo da sua metamorfose, transmutando em uma linda borboleta, que voará em direção ao Sol espiritual da iniciação. Em palavras mais singelas, eu sentia que estava sendo preparada para abandonar o velho (minha vida profana) para renascer para o novo, para um novo mundo, para uma nova vida (renascimento do meu EU em sua faceta mais sagrada). Eu me preparava interiormente para algo que entendia ser o GRANDE momento, no qual deveria passar provações e desafios que deveriam ser vencidos para merecer iniciar minha nova jornada, uma jornada espiritual.
Eu ainda estava vendada e por isso permanecia sem enxergar com os olhos carnais. Porém, depois de toda essa experiência íntima acima descrita, eu enxergava com os olhos da alma, que me proporcionavam sentir aquela poderosa energia, racionalmente inexplicável. O que a minha razão afirmava ser um rumo para o desconhecido, concomitantemente os meus sentimentos instruíam-me sobre o que me esperava, pois tudo aquilo que parecia algo que eu já havia vivido no passados, em outras vidas, talvez.
Sei que, na presença dos meus mais novos irmãos, visíveis e invisíveis, a cada passo que dava naquela cerimônia de iniciação, eu sentia que as correntes que me mantinham cativas aos dogmas e paradigmas se desfaziam, elo por elo. Era e é indescritível relembrar disso tudo, desse sentimento de estar me libertando de todos os dogmas e crenças limitantes que me escravizavam e que também escravizam grande parte da humanidade.
Após toda liturgia, quando fiz meu juramento perante e com as minhas irmãs maçons adotadas, assumimos o sagrado compromisso de zelar por todo conhecimento que aprendemos e iremos aprender na ordem, conhecimentos há muito guardado com zelo pelos nossos veneráveis e corajosos "mestres ancestrais".
Ao ser retirada a venda dos meus olhos, contemplei uma nova a luz, a luz deum novo mundo, a luz de uma nova verdade, a luz de um verdadeiro caminho para a felicidade. O primeiro sentimento foi de estar recebendo um forte abraço fraterno, o qual me envolvia de uma forma amistosa e calorosa.
Ali, ajoelhada diante do Livro Sarado, (ou livro da lei), sentido vibrar o toque do malho sobre a espada, um alívio suave e doce preencheu a minha alma, algo que entendi ser o verdadeiro "RELIGARE", a verdadeira religião, aquela que eu me conecto ao sagrado sem necessidade de um intermediário intercedendo por mim. E foi nesse momento, mais do que nunca, compreendi o tamanho da minha responsabilidade doravante, após ser integrada e passar a fazer parte dessa venerável egrégora.
Percebi a unidade ou integralidade, isto é, senti ser UNA com meus irmãos e irmãs, visíveis e invisíveis. Compreendi a obrigação de ser, doravante, forte e corajosa, e acima de tudo, a necessidade e a importância de trabalhar pelo meu desenvolvimento, aprimorando-me cada vez mais À∴G∴D∴S∴A∴D∴M∴.
Sou muito grata a todos irmãos e irmãs, pelo fraterno e caloroso acolhimento desse novo começo.
Afirmo, confirmo e ratifico: "- Foi sem sombra de duvidas um grande marco na minha vida".
Agradeço ao G∴A∴D∴U∴, quem me conduziu até aqui, ao Ven∴ M∴ visível por dirigir a oficina (a reunião maçônica), ao Ven∴ M∴ invisível Irmão Leigo por ter guiado e inspirado do astral toda a minha iniciação e agradeço também os irmãos e irmãs, por ter me recebido de braços abertos.
Terminei a iniciação e termino este artigo com o meu peito cheio de gratidão às minhas irmãs e irmãos, por toda orientação passada, presente e futura, de forma que reafirmo de livre e espontânea vontade o meu compromisso e plena confiança nas mãos das pessoas e mestres que me guiam.
Aqui me despeço com um T∴F∴A∴
Autora: Irmã Jocicléia Nunes - ( 1º ) Ap.'. M.'. Adotada
Revisão: FR+ Irmão Leigo
Mui Nob∴ Irmã Josicléia: ler vosso relato e jornada nos inspira, acrescenta e reitera nossa experiência e aumenta nosso senso de Unidade. Que G∴A∴D∴U∴ e a Sagr∴ Egr∴ vos ilumiinem.